Introdução
Agora que compreendemos o colonialismo na Amazônia e os sistemas globais que o perpetuam, vamos nos concentrar nas comunidades e ativistas que estão trabalhando para afirmar sua soberania e desmantelar os sistemas extrativistas nos quais todos estamos envolvidos. Como escreve Edgar Villanueva: “Aqueles que fomos empurrados para as margens somos os que abrigamos as melhores soluções para a cura, o progresso e a paz, precisamente por nossas perspectivas externas e resiliência” (Villanueva, 2018).
Os povos indígenas amazônicos sabem, desde o início da colonização, que o modo de vida ocidental jamais representaria verdadeira riqueza. Viram a riqueza de suas terras se transformar em dinheiro estagnado que abandona suas comunidades; viram os buracos da extração se aprofundarem sem benefício algum; viram a “civilização” dos civilizadores mergulhar no caos e seu povo ser massacrado. Lutam, dia após dia, pelo fim dessa exploração; lutam para libertar o mundo da servidão ao capitalismo; para que a vida e a terra sejam mais valorizadas do que o todo-poderoso dólar.
Neste módulo, destacaremos diferentes formas de protesto. As comunidades indígenas amazônicas lutam pela autodeterminação de várias maneiras: manifestações públicas, redes sociais, cinema, arte, círculos de cura e educação. Existem muitas outras formas de resistência além das que compartilhamos aqui, e incentivamos você não apenas a se aprofundar no que mais lhe interessa, mas também a pesquisar por conta própria e se conectar com as formas de protesto que chamam sua atenção. A luta pela autodeterminação precisa da ajuda de todos, não importa quão longe você esteja.
Atividades
Estes recursos oferecem uma amostra da diversidade dos movimentos de resistência. Observe como cada recurso combina diferentes tipos de ativismo (arte, manifestações, redes sociais, cinema, educação etc.) e como essa combinação fortalece sua mensagem.
Neste poema, a ativista e recentemente eleita deputada indígena Célia Xakriabá recita sobre a liderança das mulheres indígenas na construção de novos mundos. https://www.youtube.com/watch?v=SrBNErwU2f4
Assista a este vídeo que mostra o que significa defender a vida no Brasil:https://ifnotusthenwho.me/films/environment-defender-brazil/
Consulte a iniciativa Escolas Vivas do coletivo Selvagem. https://selvagemciclo.com.br/en/colabore/
Assista a este trailer sobre os Guardiões Indígenas da Amazônia. Se puder, alugue o documentário completo:https://www.youtube.com/watch?v=PT8xNcYTEo0&list=TLGGUoENLh99PasxNDA2MjAyNA
Ou, se você tiver Disney Plus, assista a The Territory, um documentário que acompanha o povo Uru-eu-wau-wau na defesa de seu território ancestral contra fazendeiros que tentam desmatar a floresta.https://www.youtube.com/watch?v=tSlf73Lhmy4
Reflexão
- Escreva suas três frases favoritas desses recursos e compartilhe com alguém por que foram significativas para você.
- Como você acha que o ativismo dessas comunidades está influenciando o destino da Amazônia?
- Como essas comunidades protegem a Amazônia?
- O que aconteceria se essas comunidades estivessem no comando da Amazônia em vez dos governos? O que mudaria?
- Você acredita que essas comunidades podem trabalhar com os governos existentes para preservar suas terras?
Atividade
Assista a este vídeo de 20 minutos sobre o uso da música como ferramenta de resistência:https://www.youtube.com/watch?v=uLB8pSld5Fg
Reflexão
Qual é o significado da música na sua vida? E para essas comunidades? Como a música nos conecta?
Atividade
Sessão de aprendizagem com Nina Gualingá
Nesta sessão, a ativista, líder e mãe amazônica Nina Gualingá guia o público pelas histórias entrelaçadas do colonialismo na Amazônia — do corpo, da terra e da mente — e pela resistência dos povos indígenas na manutenção de seus territórios, que conectam terra, corpo, espírito e memória. Ela explica especialmente as múltiplas camadas de violência enfrentadas pelas mulheres indígenas devido à maneira como a maternidade as vincula à terra, e como essa maternidade serve como espaço para (re)criar mundos que curam, reparam e nutrem todas as mulheres e territórios.
Para acessar, faça login neste link com o e-mail willowvolkert@gmail.com e a senha GreenNarratives123
Reflexão
Reserve 30 minutos para refletir sobre esta sessão, conversando com alguém ou escrevendo em seu diário. Use estas perguntas como guia:
- Nina mencionou que “aprender traz a responsabilidade de cuidar”. O que isso significa para você? Como aprender sobre o colonialismo na Amazônia e no mundo muda sua percepção e responsabilidade?
- Qual é a importância do território para as comunidades indígenas amazônicas? O que ele representa?
- Resposta: o território é um sistema interdependente de relações que os povos indígenas cuidam e do qual fazem parte por meio dessa relação; é o recipiente do conhecimento, das histórias e da cultura.
Nina descreve o território como “as árvores, o solo, as flores, os aromas… a diversidade de plantas, as montanhas e os animais. Mas também são as histórias, a memória de quem somos, de nossos ancestrais, do que vivemos, do que representamos, é a cultura, a arte, as construções que fazemos. Até mesmo os sonhos, nossos sonhos para o futuro. Tudo isso é o território, e quando falamos em defendê-lo, falamos em proteger não apenas a terra em si — o solo e os ecossistemas — mas tudo o que torna este lugar o que ele é.”
- O que o território significa para você? Como você pode defendê-lo de forma holística?
- Nina propõe imaginar como era o mundo e a Amazônia “antes de a colonização e as fronteiras separarem essas histórias e relações”. Escreva ou desenhe por 5 a 10 minutos sua visão desse mundo.
Nina afirma: “Quando a indústria extrativa chega, sentimos, sonhamos e vivenciamos a violação da terra como uma violação direta de nossos corpos e comunidades. É uma violação da nossa memória histórica e de todo o conhecimento que foi transmitido de geração em geração.”
- Como você entende essa conexão entre corpo, terra e espírito? Isso se aplica a todos os seres humanos? Por que sim ou por que não?
- Ao falar sobre trauma, Nina diz: “pessoas feridas ferem outras pessoas”. Você já viu isso acontecer na sua vida? Como podemos interromper esse ciclo?
Nina também diz: “Ver mulheres se unirem em redes de apoio e resistência para reparar a fragmentação de nossas comunidades inspira novas gerações a lembrar quem somos e de onde viemos. E também a lembrar que, a partir dessa conexão, temos a responsabilidade e a oportunidade de reparar e criar novos sistemas onde possamos curar e prosperar — nós e o território. A luta pela preservação do planeta deve ser também uma ação que cure e repare nossas comunidades.”
- Como você acha que a opressão das mulheres e a degradação da terra estão relacionadas? Quais estratégias de resistência ou cura poderiam abordar ambas as questões?
Por fim, Nina menciona o papel das mulheres não indígenas em assumir responsabilidade e ação.
- Se você não é indígena, como pode assumir essa responsabilidade para construir mundos melhores?
- Se você já tem uma conexão com a natureza, como pode aprofundá-la, criar relações responsáveis com a terra e apoiar quem mais precisa?
Conclusão
As comunidades amazônicas lutam por autodeterminação e visibilidade de várias formas. Por meio do apoio, colaboração e educação, podem recuperar sua soberania e conter a exploração de suas terras. Seu apoio — seja com tempo, energia ou dinheiro — é essencial para o sucesso delas. A luta pela soberania só será possível por meio da solidariedade.
Embora não seja amazônica, esta música reflete a resistência indígena global contra o colonialismo e o capitalismo, e como é possível construir solidariedade entre os povos: https://www.youtube.com/watch?v=z90Df-jQB5E
Outra grande fonte de inspiração é The Future is Ancestral, disponível em todas as plataformas de streaming:https://open.spotify.com/intl-pt/album/6pmFJ5VC7URN6Q7xI0SYt3?si=dZAcbZghRS-KsbALbbAAZA
Reflexão final
O que você aprendeu neste módulo? Liste pelo menos três coisas.
📚 Bibliografia
- Alok. The Future is Ancestral. Spotify, 2024.
- Gualingá, Nina. Learning Session. Woven Women, 2024.
- Mi Mawai. Music is a Weapon of Warriors (Struggle for Life Camp 2021). Youtube, 2021.
- Ross, Benjamin e Neff, Brittany. Guardians of the Forest: Brazil. CoReality & Scenic; If Not Us Then Who, 2018.
- Takuá, Cristine. Living Schools Initiative. Selvagem, 2024.
- Tijoux, Ana. Somos Sur. Youtube, 2022.
- Villanueva, Edgar. Decolonizing Wealth. Berrett-Koehler Publishers, 2018.
- We Are Guardians. Somos Guardiões: Trailer oficial. We Are Guardians, 2023.
- Xakriabá, Célia. Poema na 2ª Marcha das Mulheres Indígenas. Amazon Watch, 2022.